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domingo, 24 de junho de 2018


Filósofo italiano Antonio Gramsci




“Vivo, sou partidário. Por isso odeio quem não toma partido. Odeio os indiferentes”

Antonio Gramsci foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político italiano. Escreveu sobre teoria política, sociologia, antropologia e linguística.
Falecimento: 27 de abril de 1937, Roma, Itália, num hospital penitenciário, apenas seis dias depois de recuperar formalmente a liberdade. Antonio Gramsci foi uma das referências essenciais do pensamento de esquerda

Aqui reproduzo um texto dele que deveríamos levar no nosso dia a dia, afinal a indiferença causa impacto na vida de todos nós. E como eu sempre digo:
Não adianta você negar a política, o político perfeito pode ser você, você pode fazer a diferença na sua vida, nas suas escolhas e na vida do seu país. Segue o texto.

Odeio os indiferentes. Creio que viver significa tomar partido. Quem verdadeiramente vive, não pode deixar de ser cidadão e partisano. A indiferença e a abulia são parasitismo, são canalhice, não vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. A indiferença opera potentemente na história. Passivamente, mas opera. É a fatalidade, aquilo com que não podemos contar. Distorce programas e arruína os planos melhor concebidos. É a matéria bruta desbaratadora da inteligência. O que sucede, o mal que se abate sobre todos, acontece porque a massa dos homens abdica de sua vontade, permite a promulgação de leis que só a revolta poderá derrogar; consente o acesso o poder de homens que só o amotinamento conseguirá derrubar. A massa ignora por despreocupação, e então parece coisa da fatalidade que a todos atropela: quem consente receberá o mesmo que quem dissente, o que sabia, sofrerá o mesmo que aquele que não sabia, o ativo terá o mesmo prêmio que o indiferente. Alguns reclamarão piedosamente, outros blasfemarão obscenamente, mas ninguém, ou alguns poucos se perguntarão: se eu tivesse tentado fazer valer minha vontade, teria ocorrido o que ocorreu?

Também por isso eu odeio os indiferentes: porque me molestam suas queixas, sua forma de atuar como eternos inocentes. Cobrarei cada um deles: como fizeram para cumprir esse papel? Diante da missão que a vida lhes oferece diariamente, o que fizeram, e especialmente, o que não fizeram? Me sinto no direito de ser inexorável e, na obrigação de não desperdiçar minha piedade, espero não compartilhar com eles minhas lágrimas.

Sou partidário, estou vivo, sinto já na consciência dos que estão ao meu lado o pulso da atividade da cidade futura que os do meu lado estão construindo. Nela, a cadeia social não gravita sobre alguns poucos; nada que está nela acontece por acaso, nem é produto da fatalidade, e sim obra inteligente dos cidadãos. Ninguém que está nela fica olhando da janela, passivamente, o sacrifício e a sangria dos outros.

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