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domingo, 20 de maio de 2018

GÊNEROS E ESTILOS DA MÚSICA BRASILEIRA

 A seguir são apenas uma referência sobre alguns dos principais gêneros e estilos da música brasileira. É muito interessante quando essas leituras são acompanhadas pela audição das músicas através dos links relacionados a cada gênero e estilo.

Ijexá (Bahia):
Principais regiões: O ijexá é um gênero que veio diretamente da África Ocidental (cultura Yorubá) e se estabeleceu no Brasil, sobretudo na Bahia.
Breve histórico: Inicialmente o Ijexá era tocado dentro dos rituais do candomblé, mas aos poucos foi tomando as ruas de Salvador nos chamados “Blocos de Afoxé”. Talvez o bloco de afoxé mais representativo atualmente é o “Filhos de Gandhy,” que sai todo ano pelas ruas durante o carnaval da Bahia. Muitos compositores e interpretes da MPB incorporaram Ijexás em seu repertório, dentre eles: Dorival Caymmi, Clara Nunes, Vinícius de Moraes, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Djavan, João Bosco, Margareth Menezes, Daniela Mercury, Mariza Monte, Maria Bethânia, entre muitos outros. O Ijexá influenciou fortemente a “Axé Music” da Bahia.
Instrumentos: Os instrumentos originais do Ijexá são os mesmos usados no candomblé. Existem três principais atabaques: o Rum (grave), o rumpi (médio) e o lé (agudo). Há também um agogô chamado Gan (ou Gã) e uma cabaça com miçangas chamada Agbé os Xequerê.
Curiosidades (letra, ritmo, dança, vestimentas) Os blocos de Afoxé, também chamados de candomblé de rua, como os Filhos de Gandhy por exemplo, tocam praticamente só Ijexás. Eles saem todos vestidos de branco e cantam em homenagem aos seus orixás. Geralmente um “cantador” entoa a melodia e em seguida todos repetem. As danças afro brasileiras são ainda reminiscências de nossa herança africana no Brasil. Assista abaixo alguns vídeos de músicas e danças no ritmo do IJEXÁ.


O Maracatu (Pernambuco)
Breve histórico: O maracatu é mais uma das tradições afro-brasileiras que marcam os primórdios de nossa música, do qual encontramos relatos desde o século XIX  e que continuam ainda hoje muito presentes em nossa cultura. Tipicamente pernambucano, o maracatu é tocado por alfaias, gonguês (agogô), taróis (caixa) e mais alguns instrumentos complementares como os agbés (xequerês), variando um pouco sua instrumentação e seus toques de acordo com cada “nação”. A dança possui uma grande riqueza de significados, simbolizando a coroação dos reis africanos (rei Congo) em terras brasileiras. Ela possui seus personagens típicos entre o Porta-Estandarte, as Damas de Paço (que levam a boneca de madeira chamada Calunga), o Rei, a rainha, as figuras da nobreza, as yabás (baianas), entre outros. Vale a pena pesquisar mais a fundo este gênero tão rico e tão presente em nossa cultura, conhecendo suas peculiaridades, suas “nações”, e seus diferentes estilos.


Forró (Nordeste)
O forró não é apenas um ritmo, mas um amplo gênero musical que engloba diversos estilos e danças, típicos da região nordeste do Brasil como: xote, xaxado, baião, côco, rasta-pé, quadrilha, entre outros. Muito tocado nas festas juninas, o forró se consolidou e se popularizou a partir da década de 1950, ganhando espaço em outras partes do Brasil, graças principalmente à figura de Luiz Gonzaga, o chamado “Rei do Baião.” Nascido em Exu, Pernambuco, Gonzagão veio  para o Rio de Janeiro, onde tornou-se muito popular após a gravação em 1946 da música “Baião”, marco deste estilo que se tornaria referência do forró. A formação instrumental tradicional do forró é constituída basicamente por sanfona (acordeon), triângulo e zabumba, e alguns instrumentos complementares como pandeiro, agogô ou ganzá.  Porém, com a “modernização” do forró e com a exploração do gênero feita pela indústria fonográfica, hoje são usados instrumentos como o violão, a guitarra, bateria e o teclado, em estilos mais modernos como o forró universitário, o forró eletrônico, o brega, entre outros. Curiosidades: Os ritmos e a instrumentação tradicionais do forró tem influência da música portuguesa, onde a sanfona, o triângulo e os tambores são comuns. Porém, as levadas e a dança são tipicamente brasileiras, constituindo um dos gêneros mais populares em nosso país. Vamos ouvir?  Luíz Gonzaga, Trio Nordestino, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro.  



Jongo (Sudeste/ RJ e Vale do Paraíba)
Breve histórico: O Jongo é mais um dos gêneros que fazem parte das manifestações afro-brasileiras que vem muito antes da música urbana (como o samba e o choro). Muito encontrado até hoje no Rio de Janeiro, no Vale do Paraíba, no interior de Saõ Paulo, e em Minas Gerais (onde é chamado de Caxambu), o jongo também tem três principais tambores chamados: caxambu (ou tambu), candongueiro e ngoma-puíta (que é uma espécie de cuíca bem grave). De origem bantu, o jongo é considerado um dos ritmos que mais influênciou o nascimento do samba. Com suas danças em roda, suas palmas e suas “umbigadas”, o jongo também tem muita improvisação nos versos em suas metáforas e adivinhas contidas nos textos dos jongueiros. Um dos jongos mais tradicionais do Brasil ainda é o “Jongo da Serrinha” do Mestre Darcy, situado no Morro da Serrinha no Rio de Janeiro ligado à escola de samba Império Serrano.

Curiosidades: Os portugueses chamavam todos esses ritmos afro brasileiros pelo nome genérico de BATUQUE. Entretanto, os ritmos e estilos, como o maracatu, o jongo, o tambor de crioula, o congo de ouro, o ijexá, (entre muitos outros), tem suas peculiaridades e idiossincrasias, devendo ser estudados separadamente, para que entendamos seus símbolos, ritmos, danças, significados e mensagens. A música pode ser um caminho muito interessante para conhecermos mais da nossa cultura e para entendermos melhor quem somos.



Frevo (Pernambuco)
Breve histórico: O Frevo é um gênero típico do Pernambuco, mais especificamente do Recife e Olinda, e tem como principal característica os andamentos rápidos e suas melodias bem trabalhadas, e que são muito exigentes para os músicos que as tocam (TELES, 2000, p.35). Apenas para ilustrar, na contracapa do livro Do frevo ao Manguebeat, o autor José Teles cita: Em um depoimento sobre Capiba e Nelson Ferreira, o maestro Guerra Peixe declarou sobre a complexidade do frevo: ´antes de mais nada o compositor de frevo tem que ser músico, tem que entender de orquestração`. Já para o mestre Capiba, o frevo é um dos gêneros da música popular mais criativos do mundo e, em determinada ocasião, se baseou nele para compor uma peça para o Quinteto da Filarmônica de Berlim. Os instrumentistas não conseguiram tocar e responderam: ´infelizamente o senhor escreveu algo muito difícil e rápido demais para nós` (TELES, 2000, contracapa do livro). O nome “Frevo” vem provavelmente do verbo ferver, ou da corruptela do termo “fervo” que designa o ritmo quente, alegre e agitado. Existem diversos estilos de frevo, como o Frevo-Canção (com cantor), o Frevo de Rua (instrumental) e o Frevo de Bloco (com violões, cavaquinhos, e coro). O que mais chama atenção é sua dança que provém dos passos da capoeira e utiliza o famoso guarda chuva colorido. Os dançarinos de frevo são verdadeiros acrobatas pois eles pulam, abaixam, levantam, giram e fazem muitas peripécias com suas sombrinhas coloridas. Tente aprender alguns passos de frevo e veja se você está em forma para acompanhar essa exigente dança. Conheça os passos de frevo como: o saci-pererê, o ferrolho, a tesoura, entre muitos outros. Um dos mais importantes Blocos de frevo é o Galo da Madrugada, que mantém viva essa tradição que foi considerada pela UNESCO como Patrimônio Imaterial da Humanidade.




O COCO (Nordeste- Alagoas)
O Coco pode ser considerado como um dos estilos dentro do forró, porém ele características bem peculiares que o diferenciam um pouco do baião, do xote e do xaxado. O Coco é muito dançado no Nordeste, principalmente em Alagoas, Paraíba e Pernambuco e é também conhecido muitas vezes como “REPENTE” ou Embolada. Entretanto, existem vários tipos de coco, como: o Coco de Embolada, o Coco de Roda, o Coco de Umbigada, entre outros. OS INSTRUMENTOS TÍPICOS DO COCO SÃO O PANDEIRO, O GANZÁ (CHOCALHO), O TRIÂNGULO E A ZABUMBA, SEMPRE ACOMPANHADOS DE PALMAS E DE BATIDAS NOS PÉS.

Curiosidade: Podemos fazer uma aproximação entre os “cantadores de Embolada” com os RAPPERS, pois eles criam as letras na hora e improvisam de acordo com que o outro fala. 




Choro
Breve histórico: O Choro é um dos primeiros gêneros musicais urbanos tipicamente brasileiros. Segundo diversos historiadores, ele surge da apropriação dos gêneros europeus pelos músicos populares do Rio de Janeiro, no final do século XIX, tendo características muito próximas às músicas de salão da época do império, principalmente pelos contrapontos e pela riqueza melódica de suas composições. No início, seus principais instrumentos eram a flauta, o cavaco e o violão. Entretanto, ao longo do século XX foram introduzidos muitos outros instrumentos, como: o pandeiro, o clarinete, o bandolin, o trombone, o sax, o piano e até o acordeon. Podemos citar como precursores do Choro, os compositores Joaquim Calado, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e a compositora Chiquinha Gonzaga. Entretanto, ele se consolidou na primeira metade do século XX através de nomes como Pixinguinha, Jacob do Bandolin e Waldir Azevedo, entre muitos outros. O Chorinho é ainda hoje muito presente em todo o Brasil, com seus regionais e suas formações mais inusitadas. Podemos destacar o bairro da Lapa no Rio de Janeiro como principal reduto do Choro, e também outros locais do Brasil, como São Paulo, Brasília, Goiânia e Vitória.

Curiosidades:Uma das principais características do Choro são as melodias rápidas e exigentes para os músicos, com seus contrapontos, improvisações e sobreposições de vozes. Vamos ouvir algumas interpretações do grupo Época de Ouro, que é uma das principais referências do Chorinho em toda sua história.            




Samba (Rj, SP/ Brasil)
Podemos considerar o samba como a espinha dorsal da música brasileira. Ele é um dos gêneros mais presentes em todo o país e é considerado por muitos como o principal representante de nossa cultura. Como cita o estudioso Allessandro Dias: “o samba nasceu na Bahia, cresceu no Rio de Janeiro e teve filhos por todos os cantos do país.” Existem muitos estilos (e períodos) dentro do samba: o samba de roda, o samba de escola de samba (samba enredo), o samba choro, o samba canção, o samba jazz, o partido alto, o pagode, o samba rock, o samba funk, o samba reggae, o sambalanço, entre muitos outros.  Sua instrumentação varia muito dependendo de qual estilo estamos nos referindo, porém, podemos citar alguns instrumentos típicos do samba, como: o pandeiro, o violão, o cavaquinho e o surdo. Entretanto, quando vemos uma “Escola de Samba”, por exemplo, podemos enumerar dezenas de instrumentos, dentre eles: a caixa, o ganzá, o tamborim, o agogô, o repique (ou repinique), os surdos, a cuíca, o reco-reco, entre muitos outros.

Curiosidade 1: Quando falamos “Samba” estamos “generalizando” os vários estilos de samba, por isso se chama “Gênero”. E quando falamos de cada tipo de samba, estamos falando dos “Estilos”. O ritmo é só um elemento dentro das várias coisas que caracterizam um estilo (tem que ver também a letra, instrumentação, dança, lugar de onde veio, arranjo, vestimentas, etc), portanto, apenas com o ritmo as vezes não conseguimos identificar qual é o estilo. Mas isso não importa. O que importa é que o samba talvez seja a manifestação mais presente em todo o Brasil e que foi tomado como principal símbolo da cultura brasileira.            

Curiosidade 2: O Samba exaltação O samba sempre foi usado como símbolo de “brasilidade”. Sabemos que o Brasil possui uma imensa diversidade de povos, culturas, sotaques e músicas. Entretanto, o samba foi usado para se criar uma espécie de “identidade Nacional”, ou seja, para que todos nós nos sentíssemos brasileiros quando ouvíssemos samba. Isso ocorreu mais intensamente na época de Getúlio Vargas, que apoiava o sentimento de nacionalismo e de patriotismo e queria criar uma identidade brasileira. Foi então nessa época que o “samba exaltação” mais fez sucesso. As suas letras falavam das qualidades do Brasil e de sua beleza natural, além de tentar criar um certo “orgulho” de ser brasileiro. Foi também nessa época que foi criado o personagem da Disney “Zé Carioca” e que a cantora Carmem Miranda fez um sucesso incrível nos Estados Unidos e em vários lugares do mundo, cantando as coisas do Brasil. Podemos citar o compositor Ary Barroso como o principal representante do “Samba exaltação”. Você já deve ter ouvido a música “Aquarela do Brasil”. Preste atenção na letra dessa música:    





Música sertaneja e música caipira
 A moda de viola                                                                         

As “modas” de viola são a essência da música sertaneja e caipira. A música sertaneja em sua origem está ligada aos violeiros do Nordeste e do interior do Brasil que cantam suas alegrias e suas tristezas embaladas ao som de suas violas. A música caipira é mais característica do interior de São Paulo, Minas Gerais e da região Centro Oeste do Brasil, chamada assim principalmente na primeira metade do século XX. Entretanto, a indústria fonografica misturou tudo isso, classificando-os como “sertanejo de raiz”, (já que atualmente existem inúmeros estilos de “sertanejo”, como o sertanejo romântico e o sertanejo universitário). Podemos citar alguns artistas do “sertanejo raíz”, dentre eles:  Alvarenga e Ranchinho, Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Tião Carreiro e Pardinho, Inezita Barroso, as Irmãs Galvão. A viola ainda está presente em diversos cantos do Brasil e há uma nova geração de violeiros (como Ivan Vilela, João Paulo Amaral, Paulo Freire, entre outros) que mantém viva a tradição da música caipira e ainda expandem o universo da viola tocando também outros gêneros. Hoje em dia a chamada “música sertaneja” fugiu muito de sua essência, sofrendo influências do country norte americano e da música pop. Sua instrumentação mudou, incluindo o uso de guitarra, bateria, teclados, e as letras não mais se relacionam com a essência da música caipira ou sertaneja. (*Ver country norte Americano)

Curiosidade 1: Os violeiros gostam de contar “causos” interessantes e engraçados sobre os caboclos, caipiras, e sobre o povo que vive no interior desse “Brasilzão”. Geralmente sentam em volta de uma fogueira e passam a noite cantando e contando histórias muito interessantes sobre a vida no campo.

Curiosidade 2: A viola caipira A viola caipira chegou ao Brasil trazida pelos portugueses. Porém, suas origens são bem mais antigas, vinda dos instrumentos árabes. A viola tem dez cordas disposta em cinco pares e o “ponteio”(jeito de tocar) usa muito as cordas soltas fazendo seu lindo timbre soar ao vento. Existem muitas lendas em torno da viola. Uma delas é sobre um jeito de afinar a viola que eles chamam de Cebolão. Dizem que esse nome vem por causa das “muié”, que só de ouvir o violeiro afinando a viola já choram de emoção, igual quando cortam a cebola.

Curiosidade 3. Tem um ritmo da viola que se chama “PAGODE” e que não tem nada a ver o samba, e é um ritmo muito usado nas modas e nas rodas dos violeiros. Outros dois ritmos que tem o mesmo nome, mas que são bem diferentes são: o XOTE do Nordeste, que é um estilo dentro do forró, e o XOTE gaucho, que é uma música típica do Rio Grande do Sul provinda do schottish alemão, havendo muitas peculiaridades e estilos como o “xote carreirinho” e o “xote duas damas”, em que o cavalheiro dança com duas mulheres ao mesmo tempo.




Bossa Nova (Rio de Janeiro)
Breve histórico: Considerada por muitos como um estilo de samba (e para outros um gênero à parte), a Bossa Nova inventou um jeito muito peculiar de cantar as belezas do Rio de Janeiro, com suas interpretações suaves, sua batida envolvente, seu balanço calmo, e uma sofisticação no olhar e nas notas que compõem suas canções. Podemos citar como principal símbolo da Bossa Nova o interprete João Gilberto, que inovou a forma de cantar, transformando a referência do “vozeirão” dos cantores anteriores (sobretudo os cantores de samba canção da Era da Rádio), para quase um sussurro nos ouvidos. As harmonias (acordes) da Bossa Nova sofreram alguma influência do jazz e da música erudite, entretanto, a Bossa se tornou muito popular entre os músicos de jazz norte Americanos  que incorporaram o estilo em seu repertório. Considerada a musa da Bossa, foi Nara Leão quem reuniu em sua casa (na Zona Sul do Rio de Janeiro), os principais representantes da Bossa Nova, dentre eles: Tom Jobim, Francis Hime, Roberto Menescal, Vinicius de Moraes, Ronaldo Boscoli, Carlos Lira, (entre vários outros). Foi portanto, em meados dos anos 50 que criou-se esse “movimento musical” o qual levou o nome da música brsileira para o mundo todo. O marco do início da Bossa Nova foi gravação do disco “Chega de Saudade” de João Gilberto, em 1958. Outro ponto alto, foi a gravação de Tom Jobim com Frank Sinatra da música Garota de Ipanema. A Bossa começou a perder sua força quando surgiram os “Festivais da Canção” nos meados dos anos 60, quando as canções de protesto e a dita “MPB”, se consolidaram, frente a forte repressão da ditadura militar.




A jovem guarda
         O movimento  “Jovem Guarda” surge de um programa de Tv apresentado por Roberto Carlos em meados da década de 60. Esse pode ser considerado um segundo momento do Rock´n´roll no Brasil, (seguido das primeiras gravações de versões como Estupido Cúpido e Biquini de Bolinha Amarelinha) que tocava o “Iê Iê Iê” e os rockinhos românticos. Podemos citar como principal representante o próprio cantor Roberto Carlos, seguido de sua turma: Erasmo Carlos, Wanderléia, Golden Boys, Silvinha Araújo, Eduardo Araújo, Jerry Adriani, Ronnie Von, entre outros. Enquanto alguns compositores protestavam contra a situação política do Brasil, a Jovem Guarda era uma “rebeldia” que não oferecia ameaças ao sistema, com suas letras quase “inocentes”, como: “Meu carro é vermelho, não uso espelho para me pentear…”



 A MPB e a “Era dos Festivais”
Breve histórico: A sigla MPB se consolida nos grandes festivais da canção pós Bossa Nova. Com o advento da ditadura no Brasil, surge um novo movimento de compositores com suas canções de protesto e suas mensagens subliminares nas letras de suas canções. Os festivais tiveram seu auge nos anos 60 e 70 no Brasil, quando surgiram nomes como Chico Buarque, Elis Regina, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jair Rodrigues, Edu Lobo, João Bosco, Milton Nascimento, Rita Lee, Geraldo Vandré, entre muitos outros. Os Festivais da canção marcaram época, e o Brasil todo esteve envolvido em suas acirradas disputas. Muitos dos compositores e interpretes foram exilados do Brasil graças as suas mensagens e ideologias. Foi uma época muito rica da música brasileira!



A Tropicália
Breve histórico: A tropicalia foi um movimento musical que mesclava as tendências da vanguarda nacional, da contracultura e da “modernidade” dos anos 60 e 70 (como a guitarra elétrica e o ritmo Rock´n´roll), com as tradições da música brasileira (como a cultura nordestina e os ritmos afro brasileiros). Seus principais representantes são Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Os Mutantes, Toquatro Neto, Tom Zé, entre outros. O movimento Tropicalista teve sua origem no encontro de vários artistas, principalmente da Bahia, nos Festivais da Canção da década de 60. Com suas roupas coloridas, cabelos compridos e sua atitude de protesto e deboche às antigas formas do pensar, o Tropicalismo trouxe inúmeras contribuições para a música brasileira, tanto na forma quanto no conteúdo, criando uma sintese do Brasil dos anos 60 e 70 refletido em suas poesias e músicas. Podemos dizer que o Tropicalismo se estendeu ao cinema através de Glauber Rocha e o Cinema Novo, e também às artes pláticas através de Helio Oiticica. Curiosidades: Caetano e Gil foram exilados do Brasil após serem acusados de “rebeldia”. Entretanto suas músicas não faziam crítica direta à ditadura, como as canções de protesto (de Geraldo Vandré por exemplo). Eles questionavam o modo de vida e suas reflexões eram muito mais profundas e complexas do que uma simples critica à ditadura.




Clube da Esquina (Minas Gerais/RJ)
Breve histórico: Esse foi um movimento formado pelo encontro de compositores e músicos mineiros, dentre eles: Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Toninho Horta, Flavio Venturini, Fernando Brant, entre outros. Apesar de formado por músicos mineiros, o movimento se desenrolou no Rio de Janeiro, e foi consagrado pela gravação da música “Canção do Sal” por Elis Regina. Com influências de Beatles, Bossa, Jazz, música erudita e música folclórica mineira (sobretudo os tambores e os ritmos afro de Minas), o Clube da Esquina teve grande projeção internacional principalmente através de Milton Nascimento, que gravou com os grandes músicos de jazz norte Americanos, como o disco Native Dancer e Angelus que reunem músicos como Wayne Shorter, Pat Metheny e Jack DeJohnette. Entretanto os discos mais importantes são o “Clube da Esquina 1”, de 1972, e o “Clube da Esquina 2” , de 1978. Os contornos melódicos de suas canções refletem as montanhas e paisagens de Minas, seus ritmos e sonoridades sintetizam os pensamentos e sonhos dessa geração de grandes poetas, músicos e compositors que fizeram parte desse movimento. Curiosidades: Milton Nascimento teve uma história fantástica: apesar de ter nascido no Rio, ele foi adotado e criado por seus pais em Três Pontas (MG). Depois mudou-se para BH, onde trabalhou de escriturário e foi lá que conheceu os irmãos Borges (Lô, Márcio e Marilton).  Dos encontros na esquina das Ruas Divinópolis com Paraisópolis surgiram os acordes e letras de canções como Cravo e Canela, Alunar, Para Lennon e McCartney, Trem azul, Nada será como antes, Estrelas, São Vicente  e Cais. Aos meninos fãs do The Beatles  e do The Platters  vieram juntar-se Tavinho Moura, Flavio Venturini, Beto Guedes, Fernando Brant, Toninho Horta e criaram esse maravilhoso movimento musical que eleva o nome da música brasileira em todo o mundo.




Fonte : Editora Anacruse


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